quinta-feira, 10 de junho de 2010

domingo, 6 de junho de 2010

Palavra

Cada palavra é fervor.

É quente,

Pulsante,

Cortante,

Ardente.

Age como sangue jorrando;

Flui à boca com certa razão de não ser

Para ser sólida; Ela!

(...)

A palavra se esvai num dado momento divino

Enquanto a vida é soprada como areia...

-

by: Tailane Sousa

segunda-feira, 17 de maio de 2010

A teoria humoral

Também conhecida por teoria humoral hipocrática ou galênica, segundo as quais a vida seria mantida pelo equilíbrio entre quatro humores: sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra, procedentes, respectivamente, do coração, sistema respiratório, fígado e baço. Cada um destes humores teria diferentes qualidades: o sangue seria quente e úmido; a fleuma, fria e úmida; a bílis amarela, quente e seca; e a bílis negra, fria e seca. Segundo o predomínio natural de um desses humores na constituição dos indivíduos, teríamos os diferentes tipos fisiológicos: o sanguíneo, o fleumático, ou colérico e o melancólico.

Trechos de "Mestiçagem, degenerescência e crime", de Nina Rodrigues

"A mestiçagem humana é um problema biológico dos mais apaixonantes intelectualmente e que tem o dom especial de suscitar sempre as discussões mais ardentes. [...] O estudo médico da influência degenerativa da mestiçagem é bem mais recente. Morel, criador da noção clínica de degenerescência, a desconhecia. Influenciado pela controvérsia antropológica, muito viva na época em que escrevia, e partidário pessoal e convencido da unidade da espécie humana, não podia conciliar a crença na perfeita viabilidade social do mestiço com o reconhecimento de uma influência degenerativa nos cruzamentos humanos. Foi a psicologia criminal, creio, que acentuou ou afirmou a possibilidade dessa conseqüência do cruzamento. No segundo Congresso de Antropologia Criminal, em Paris, em 1889, Mme. Clémence Royer invocou pela primeira vez a influência desta causa, surpresa que o professor Lombroso tivesse até então omitido a influência degenerativa da mestiçagem na etiologia do crime."

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Tomates verdes são mais gostosos do que os vermelhos.

Samuel S. de Freitas

O gato e o novelo de lã


O gato, astuto, observa o novelo de lã. Suas pupilas, de gato, verticais, registram o novelo como um código de barras: não piscam. Sua língua, de gato, umedece os seus bigodes de gato cuidadosamente. Suas unhas, de gato, retráteis, saltam à frente. O novelo, fofo, farto, oferece às unhas, língua, bigodes e pupilas de gato (e ao próprio gato) um promissor passa-tempo. O novelo, imóvel, intacto, como um gato prestes a dar um bote de gato, espera pelo gato que, imóvel, prepara o seu bote de gato. Num pulo de gato, o gato salta um salto certeiro, atingindo o novelo que, mesmo sem ser gato, mas sendo novelo e por isso farto e fofo, saltou como um gato ao contato das unhas retráteis do gato, em seu bote de gato. Saltou ainda mais que um gato, ainda mais alto, ainda mais vezes, o novelo, pois era fofo e o chão duro, como previu o astuto gato. E o novelo, enquanto farto e fofo, distraía o gato e sua curiosidade de gato, com suas patadas de gato, certeiras ao desenrolar o novelo. E o novelo de lã, lã de algodão (pois pra ser fofo, o novelo, tem que ser de lã de algodão), pulava os seus melhores pulos de gato, mostrando seus nós, embaraços, voltas e laços, que entretinham, de fato, o gato. O gato, ao desenrolar da brincadeira, ao desenrolar do novelo, ao sentir entre as unhas de gato o algodão do novelo, embaraçando-se e se desembaraçando aos seus movimentos de gato, sentia-se farto e fofo, não como um novelo, mas como um gato.

Até que por fim em linha reta estende-se o novelo que sem nós laços voltas ou embaraços nem fofura nem fartura nem pulos não pode ser novelo assim em linha reta nem pode entreter o gato e no entanto mesmo assim em linha reta nunca deixará de ser algodão...